quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Matemática dos amantes.



 Às vezes fica difícil conciliar gostar de alguém com nossas fases da vida. Os planos de viajar e estudar em Orlando, Marselha ou Dubai, a alta e quente temporada com toda sua curtição e ressaca, o rompimento de um namoro de dois anos, há quinze dias. Tudo desculpa contra o amor e sua impontualidade, que continuamente estorva caminhos e desvia rotas. Então deixa pra depois.
O amor pode esperar, certo?


Certo para você que é daqueles que não aprenderam a acepção do amor. Penso, logo não sinto, não vivo, não amo. 

Em cartaz, o complexo de Romeu e Julieta. Sua afeição é pelas experiências plásticas, pelas projeções enganosas. Apaixona-se por estar apaixonado, por estar namorando, pela virtuose de amar. Mas no fundo não gosta de ninguém, desconhece que amar é dividir, aceitar, ceder, adorar e o mais importante: deixá-lo acontecer. O amor é maior que você, logo dá as cartas e a gente obedece prestando reverência subalterna. Amém. Do contrário, ele passa a vez aos mais interessados. Sai sem dizer que hora volta.

Seu objeto de amor, ou melhor suas conjunções favoritas são o “mas”, o “porém”, o “contudo”. Feitas para acomodar palavras dentro de frases e desagrupar pessoas nas situações impostas pelo acaso ou destino, conforme crença. 

Eu gosto dela, mas ela ouve Rio Negro e Solimões a 50 decibéis. Eu amo ele, porém o desgraçado mora em Horizontina e eu em Porto Alegre. Sou apaixonado por ela, contudo tenho uma noiva legalzinha. 

Ora, ninguém ama alguém por gosto musical, divisas ou estado civil. São apenas balizas ou breves empecilhos. O “se” é uma boa e educada maneira de dizer a verdade. A pessoa simplesmente não está a fim de você.


Quem ama cuida, quem gosta quer estar perto, quem adora sabe que amor é verbo e não substantivo, é uma aventura diária carnal e emocional, não uma moldura bonita e pertinente a enfeitar as paredes da sua vida. Amor é manco de gramática, sendo quase tão certo quanto matemática, entretanto não aceitando resultados inexatos, com vírgula ou aposto. Todo pormenor a dividir duas pessoas deve levar nas costas qualquer nome. Amizade, capricho, tico-tico-no-fubá, quiproquó, pirraça, o que for. Menos amor.


A razão de amar é simples. 
Um e um são dois. 
Eu te amo + eu te quero = dou um jeito de ficar contigo. 

Dou jeito de andar do seu lado, de dividir tempo, cheiro, edredom, banheiro e melancia. A razão dos amantes não calcula-se no papel, na ponta do lápis. Sim no viver, sim no sentir. O amor existe no calor da iminência, do arredor, do tato e do contato. A frieza do resto, embora lembre um pouco amor, na real é qualquer bobagem.


Gabito Nunes

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3 comentários:

  1. Oi!!! muito bom esse texto, parabéns, concordo, o amor realmente rompe barreiras, seja da distância, da classe social etc.

    Bjo

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  2. "Amor é uma experiência diária carnal e emocional"... É isso mesmo!

    Bjos e bencaos.
    mirys
    www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

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  3. Adorei o texto. Essa matemática do amor é boa mesmo!
    Eu te amo + eu te quero = dou um jeito de ficar contigo.
    Sou bem cartesiana e também acho que o amor é assim mesmo, se quer, se me ama vai dar um jeito de ficar comigo!
    Beijos
    Adriana

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Que bom receber você aqui! Grande beijo e volte sempre.

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